segunda-feira, 4 de maio de 2009

A primeira Abdução de Urandir de Oliveira



O céu, que permite a identificação de constelações e estrelas a olho nu, sempre foi o fascínio de Urandir. Seu maior prazer era dormir ao relento, no terreiro da casa. Mal sabia porquê. Olhando para as estrelas, navegava entre elas, imaginando como seria a vida lá em cima. Nunca ouvira falar em discos voadores, tampouco, em seres extraterrestres.
Certa noite, quando assistia a um programa de televisão, algo estranho aconteceu com ele. Coincidentemente, en-contrava-se na mesma praça paulista onde assistira à amostra do primeiro aparelho de televisão, com imagens em preto e branco. Por detrás, um fenómeno de uma luz repentina lhe apareceu piscando e mudando de cor sem cessar, fazendo evoluções circulares. Sentiu um zumbido estranho no ouvido, acompanhado de um forte sentimento de choro e de saudade estranha muito intensa. Enquanto chamava o colega que o acompanhava para presenciá-lo, o fenómeno sumiu, mal podendo ver sua luz desaparecer.
Urandir permaneceu diante do televisor. Após alguns momentos, o zumbido estranho no seu ouvido retornou mais intenso, movido pela vontade de olhar para trás. Olhou. Era uma estrela que lá estava, muito maior, o dobro do tamanho da lua cheia. Junto a ela, uma cor violeta cintilava e circulava dançante, variando seus movimentos. Reduzindo-os, fazia piruetas e desaparecia. Intuiu-lhe, então, retirar-se da praça e voltar para casa, vez que um súbito e estranho desespero se apoderara dele.

No disco voador
Sem se despedir do colega, foi-se embora de volta para casa.
Em menos de dez minutos, uma luz de cor violeta envolvia seu quarto, levando-o, de pronto, a uma nave planetária. Naquele momento - diz -, parecia que não respirava. Tinha a leve sensação de estar voando, sutil, sem peso a atrapalhá-lo. Parecia-lhe, contudo, que lhe estava faltando o ar para respirar. Lembrava-se claramente que estava muito bem no momento em que entrou no disco.
Mais tarde, conheceu a luz ultravioleta que o havia sugado até a nave. Soube, então, que ela estava desprovida de oxigénio.
Dentro da nave, suspenso no ar, viu-se sobre uma maca. Uma mulher fazia gestos em sua direção, como se estivesse extraindo energia dela mesma para emiti-la sobre o abduzido. De suas mãos saiam luzes: era energia estática, que os seres dominam com perfeição.
Enquanto a mulher energizava Urandir, seres, em forma humana, mexiam no seu pescoço, implantando-lhe um objeto na parte posterior, na região da nuca. Seria para auxiliá-lo no controle de sua paranormalidade: aumentar-lhe-ia a capacidade mental e controlaria suas emoções. E tanto isto é verdade que, no dizer dele, em meio às maiores turbulências, conseguiu manter sempre perfeito controle emocional.
Informaram-no que lhe passariam os motivos da implantação do objeto em outro momento.
Computadas no tempo do nosso planeta, ele permaneceu por duas horas a bordo da nave, à mercê dos seres extraterrestres. Estes lhe prometeram que outros iguais o visitariam, em forma de luz, para melhor prepará-lo (para sua futura missão, presume-se). Sem precisar o tempo nem definir o objeto, também lhe prometeram, para breve, a ocorrência de um acontecimento novo relativo a ele.
Desperta curiosidade o fato de que ele pairasse sobre a maca sem que, em momento algum, tivesse perdido sua capacidade de raciocínio e lucidez. Percebia toda movimentação dos seres tripulantes dentro da nave. Também sentia fome, que se manifestava no movimento característico dos intestinos. Embora não tivesse sensibilidade nas pernas, abstinha-se de qualquer manifestação. Nada dizia. Nada perguntava.
Por certo, todo esse quadro lhe parecia muito estranho, extremamente esquisito.
Ainda no interior da nave, no instante de sua devolução ao planeta Terra, um súbito e forte calafrio perpassou-lhe todo corpo.